Pois é! Faz este mês 1 ano que nos aventurámos neste desafio #PortugalCurvy, que a Ana do blog A Plus Size Girl Who Loves Life nos lançou. Este movimento, inspirado no movimento francês French Curves , pretende reunir uma série de bloggers plus size que tenham orgulho em sê-lo e, com um tema diferente todos os meses, cada uma fazer a sua interpretação.
Foi com imenso prazer que há um ano eu e a Lane aceitámos o convite para fazer parte e não nos arrependemos! Eu apenas não fiz um dos desafios (White&Silver – branco e dourado) e a Lane também não fez apenas um (o Bordado). De resto, todos os meses ficávamos super entusiasmadas sempre que saía o tema, sempre falávamos entre nós o que cada uma ia usar, onde ia tirar as fotos, etc.
Adoro este movimento, adoro o conceito, a ideia, a coesão que promove… E tem tanto valor que até fomos convidadas a falar sobre ele no evento Fashion Talks do LXD Open Talks, evento de moda e design que ocorreu em 2016 na FIL, no qual eu fui oradora em representação da Ana (dia memorável esse! 😉 ).
Para comemorar este primeiro ano, não vos trago fotos novas nem um tema de moda, mas sim….. um tema muito pertinente e que é o conceito que está na base deste movimento (e também do nosso projeto): AUTOESTIMA!
Pois é, o email deste mês da Ana pedia-nos que, para celebrar estes primeiros 12 temas (digo primeiros porque quero continuar, ok? 😛 ), partilhássemos a caminhada em busca de amor-próprio, se estamos a caminho, ou se já lá chegámos, como chegámos. Um desabafo/desafio que ousa pedir-nos que reflectamos neste assunto tão importante e subvalorizado: como nos vemos a nós próprias? como nos sentimos connosco próprias?
Vou expor a minha opinião, a minha experiência, e algumas fotos (e links para os respetivos posts) dos temas que partilhei ao longo deste ano de #Portugal Curvy.
Bom, o que eu tenho a dizer sobre isto é o seguinte: acho que nenhuma mulher, ou muito poucas, conseguiram atingir aquela autoestima perfeita a 100% em que se olham ao espelho e amam tudo o que vêem. E não pensem que isto tem a ver com gordura. As mulheres “normais” e magras também olham ao espelho e não gostam de alguma coisa. É normal! Não tem de ser diabolizado. Portanto, na minha opinião, uma autoestima perfeita é uma coisa utópica.
No meu caso, há partes do meu corpo que nunca gostei, continuo a não gostar – simplesmente aceitei-as.
O que me chateia não é nada mais que a minha barriga. Tenho um rabo grande. Gosto. Tenho celulite. Não me importo. Tenho a barriga saliente. Detesto. Não só a barriga em si, como a desproporção entre a parte de baixo do meu corpo (barriga+ancas) e a parte de cima (adorava ter mamas maiores, para ser pelo menos mais proporcional). Também umas marcas que tenho nas ancas – e que nesta última foto são bem salientes, derivado a passar a minha adolescência toda a usar calças de cintura descida e apertadas. Fiquei com essa marca, nunca mais me livrei dela, está também relacionada com o excesso de barriga, e detesto. Autoestima naquela zona é tipo…… 5%! 🙄
A minha barriga é o meu foco de baixa autoestima corporal (então, adoro o estilo de vestidos que uso nesta última foto, eheheh). De um modo geral eu gosto de mim como um todo, acho-me gira (não tenho problemas em admitir), sinto-me confiante em 99% dos dias, amo tirar fotos, amo ver-me em fotos, gosto do meu estilo e da forma como me visto, acho que tenho um bom sentido estético. A minha barriga é definitivamente o meu “calcanhar de aquiles”: Detesto-a! 😓
Engordo, é a primeira coisa a aumentar. Emagreço, é a última coisa a ir. E mesmo assim, mesmo estando magra, há sempre aquela saliência. Eu já tive bastante magra, muito até para a minha altura, e ainda assim olhava no espelho e só via… barriga.
E aqui é um ponto essencial. A autoestima, como a própria palavra indica (“auto”) tem a ver com o que vemos ao espelho e (não) gostamos. No meu caso, sempre foi a barriga.
Evito usar coisas justas nessa zona (mesmo apregoando que “não devemos disfarçar”, a verdade é que temos sempre essa tendência, não é?), encolho a barriga em momentos críticos, e evito ao máximo tirar fotos diretamente de lado (no máximo, é assim meio de lado, como nesta última foto). São alguns “truques” que reflectem a minha baixa autoestima neste aspeto em específico.
#7 – White&Silver: foi o que eu não fiz, mas a Lane fez e arrasou ❤️
Para perder a barriga eu tinha de fazer muito exercício – coisa que detesto e sou imensamente preguiçosa; não estou a dizer que isto é correto ou saudável, atenção! é um defeito muito muito grande que tenho, é a tendência a ser sedentária, e sim, sei que tenho de o mudar. Mas é um facto, é a realidade, it is what it is , eu não pratico exercício. Ou então tinha de cortar as coisas que eu adoro comer e que vão diretamente para essa zona do corpo (e para o rabo e ancas e coxas, mas essas eu não me importo que sejam largas!). E eu adoro comer!!! Hidratos de carbono e doces! É dos maiores prazeres que tenho na vida… é comer 😋 e vivo infeliz (já experimentei tantas dezenas de vezes) se tiver de me conter, controlar, cortar… blaaahhh!
Ao longo de muitos anos isto foi uma luta: ou vivo uma vida em liberdade sem ter de contar calorias e ok, tenho uma barriga saliente mas “epa é a vida”, é um preço a pagar que aceito!; ou vivo uma vida restritiva em que não posso comer mais do que X porções de hidratos de carbono por dia e a contar as calorias e bla bla bla (a sério, detesto isso) e ter uma barriga um bocadinho mais lisa. Foi uma luta até que decidi, simplesmente, viver a minha vida em liberdade e ter uma barriga mais saliente.
Claro que este projeto e toda a identificação com o mundo plus size me ajudou, e muito, nisto. 😍
Aliás, eu acho que se não fosse isto, eu até hoje ainda estaria naquela luta interior constante. E daí ter escrito aquele texto sobre XL ser um estado de espírito. Podem dizer-me “ah mas tu não és gorda”. Mas sinto-me! Sinto-me gordinha e isso não tem de ter nada de mal.
Tive de me adaptar aos comentários “estás grávida?”, “estás barriguda!”, “de quantos meses?”, “não devias comer tanta massa!” (já disse que esparguete com qualquer coisa ou mesmo esparguete com esparguete é o meu alimento favorito de todos os tempos? E sim, tentei o integral e detestei… not the same thing !). Para ir à praia, para usar calças de cintura subida, para usar coisas justas à barriga: luta, luta, luta.
Mas depois percebi que sofria mais com essa luta interior, do que com as bocas (ou conselhos, vá!). Ao longo do tempo fui então simplesmente aceitando.
Atenção, não passei a gostar! Eu continuo a detestar a minha barriga. Mas aceitei! Aceitei que a tenho assim, que com a idade não tende a diminuir, e que o esforço físico e mental que teria de ter para a ter ligeiramente mais lisa (e sim, digo ligeiramente porque eu nunca, nunca, desde que me lembro de ser gente, tive a barriga lisa, nem quando era “magra”), não compensava.
Não digo que um dia não mude drasticamente. Mas hoje em dia, vivo bem assim. Já faz parte, de certa forma, da minha identidade.
Neste aspeto, a Lena Dunham é uma grande inspiração para mim. Tem o mesmo tipo de corpo que eu, tem uma barrigona, ainda para mais acho que ela de cara nem é nada gira, mas ela tem uma confiança e um carisma tais que eu acho-a giríssima!
Como disse inicialmente, é muito difícil ou raro uma pessoa amar tudo em si. Nem que seja os dedos dos pés ou um sinal que tem no nariz, alguma coisa a pessoa não gosta em si. Comigo é a mesma coisa.
Não gosto de tudo em mim, mas posso dizer que me adoro no geral. Gosto de mim para me vestir bem, sinto-me poderosa quando saio de casa e sei que estou gira, sinto que consigo conquistar o mundo, nessas alturas. Gosto quando me olho ao espelho, gosto da minha cara, gosto de me ver em fotos. Gosto de mim! Não gosto de tudo em mim, mas gosto de mim.
Resumindo e concluindo, e respondendo à questão da Ana: a minha caminhada para a autoestima? Não começou nem terminou, é uma caminhada que fazemos ao longo da vida!
E se há coisa que me tem ajudado é, sim, este projeto… e o movimento #PortugalCurvy 😊
PARABÉNS a nós, parabéns a todas as bloggers que participam! No início éramos umas 6 ou 7, e hoje somos 11! 😉
Não deixem de as visitar também!:
A Plus Size Girl Who Loves LIFE
Armário Extra Largo
Big Girls Love Fashion Too
B-hynd Her
Cubanna
Curvy Girl
Diário de uma Mulher (im)perfeita
Dreams of a Curvy Girl
Grande Sonhadora
Manual da Moda
Mary’s Big Closet
Já estou pronta para saber qual o próximo tema 😎
Beijos XL!
Muito gira e o importante é que te sintas bem contigo mesma 😉
beijinho