Em primeiro lugar, bem-vindos a 2018! Um ano em que vamos continuar a criar e partilhar conteúdo relacionados com o mundo da moda Plus Size 🙂
Como todas sabemos, e bem, a indústria da moda plus size ainda tem muito que crescer em Portugal. A verdade é que os “critérios” do que é ser plus size não estão ainda bem definidos, para além de que é algo que ainda gera alguma controvérsia (“não é gorda”, “é normal”, “isso não é ser plus size“). Nós defendemos que as modelos plus size devem ter algumas características, pois ao contrário do que possa parecer, não basta ser gorda ou gordinha para se ser modelo; tal como no mundo da moda convencional, não é qualquer pessoa que pode ser modelo (não basta ser magra), o mesmo se passa na moda plus size. Há critérios – tem de os haver, mesmo que não agrade a toda a gente. No entanto, é algo que se pode aprender.
Vamos buscando informações do que se faz lá fora, em países onde realmente este mundo está bem desenvolvido e estabelecido.
Deixamos aqui uma transcrição de uma entrevista que foi feita à Madeline Figueroa-Jones, a diretora editorial da revista Plus Model Magazine.

“Qual é o intervalo de tamanhos para uma modelo plus size? Como é que esse intervalo é decidido?
De momento, as modelos plus size variam entre os tamanhos 40 e 46 (10 e 16 nos EUA, respetivamente). Há alguns tamanhos 48 e 50, porém, são menos. Quem me dera saber quem determinou exactamente o tamanho das modelos plus size. Quando pergunto isso a alguma marca, dizem-me que as agências não têm muitas modelos plus size de grande qualidade e alto calibre. Quando falo com as agências, elas dizem-me que as marcas procuram por modelos mais magras, por isso, não tenho bem a certeza de como funciona; tudo o que sei é que recebo sempre uma resposta diferente de cada pessoa”.
Que tipo de papel achas que a diversidade (tipo de corpo, etnia, etc.) desempenha na indústria da moda, como um todo?
Eu acho que a diversidade de modelos deve ser um factor chave para marcas e designers. Por exemplo, para a revista, tenho de ter em mente os tamanhos e as etnias. Se eu colocar de tudo um pouco, começam a chover e-mails a perguntar quando vmaos incluir mais ruivas, mais modelos mais gordas, etc. As mulheres plus size querem ser representadas nas empresas que elas apoiam. Olhem para a campanha da Dove e da United Colors of Benetton – porque já não vemos um arco-iris de cores e tamanhos, como víamos no passado? Isto foi o que nos atraiu no início. A cliente plus size costumava ser silenciosa e aceitava o que quer que fosse que lhe fosse dado, mas desde que a indústria da moda explodiu nos últimos 5 anos, começaram a ser mais criteriosas e a comprar um pouco por todo o mundo (online).
Achas que chegará o momento em que as modelos não serão distinguidas pelo seu tamanho ou tipo de corpo?
Eu acho que quando a sociedade deixar de distinguir as pessoas pelo tamanho e cor, possivelmente veremos uma mudança. Entretanto, a moda plus size precisa de modelos plus size, de modo a vender ao consumidor. Isto não é sobre modelos, é sobre como chegar à mulher do dia-a-dia, que é plus size.
Quando sai um artigo sobre moda ou modelos plus size, fico surpreendida com a quantidade de ignorância que vejo nos comentários. As pessoas equiparam automaticamente as mulheres mais curvilíneas com falta de saúde, mas eu apostava a minha carreira de que se se fizesse análises e exames físicos a ambas modelos convencionais e modelos plus size, as primeiras não seriam mais saudáveis que as últimas. Para algumas mulheres, ser um “tamanho zero” é natural, mas para aquelas que passam fome propositadamente ou abusam dos medicamentos para emagrecer, é uma batalha para elas manter-se num tamanho que o próprio corpo rejeita.
Ninguém devia passar fome propositadamente, ou por outro lado comer demais, para ser modelo. Sinto que o departamento plus size de muitas agências tornaram-se em “caixotes do lixo” para modelos que antes eram “convencionais”, mas que simplesmente já não conseguem mais passar fome e manter-se dentro de um tamanho 36. Mas eles sabem muito bem que estas mulheres não vendem os produtos das marcas às mulheres reais do dia-a-dia que são plus size.”
Temos de ler esta entrevista sob um olhar crítico e perceber que está adaptado à realidade norte-americana – onde, de facto, vemos modelos plus size que eram modelos normais e simplesmente disseram “basta” à constante opressão do tamanho, e num país onde o índice de obesidade é o maior do mundo. No entanto, em muitos pontos que ela toca fazem sentido mesmo na nossa realidade. O facto do Plus Size ainda ser algo bastante ambíguo (quem decidiu que aquele seria o intervalo de tamanhos? Porque toda a gente diz algo diferente?), o facto da mulher plus size do dia a dia querer ser representada. No fundo, é um assunto para reflectir.
Nós por aqui, continuamos a querer fazer crescer a moda Plus Size em Portugal e contribuir para que se estabeleça, afinal, o que isto é! 😛
Entrevista transcrita daqui.
Que artigo tão bom!
E tem toda a razão, tem de haver critérios e objetividade e menos incertezas só porque não é comum! Ainda me lembro de ver o primeiro american next top model em que concorreu uma modelo plus size!
Um beijinho e que 2018 seja maravilhoso
[…] que ter para ser modelo, muitas pensam que basta ser gorda e ponto final… Não é bem assim! Existem critérios, existem requisitos, tal como em todas as outras profissões. Algumas dicas aqui. A moda plus size deve ser inclusiva […]